A construção de rodovias capazes de gerar eletricidade por meio da energia solar, chamadas de fotovoltaicas ou rodovias solares, já é uma realidade possível. Desde 2009, há nos Estados Unidos um projeto de painéis desenvolvidos que podem substituir a cobertura do solo das autoestradas, rodovias, estacionamentos e calçadas, gerando energia.
Os painéis que captam a luz solar medem cerca de 4m² e são produzidos de materiais reciclados, como plástico, vidro e borracha, além de células solares que captam a luz do sol, transformando-a em energia. A tecnologia possibilita economia no consumo de petróleo, ao contrário do que acontece na pavimentação de estradas tradicionais, que empregam massivamente o hidrocarboneto em sua composição.
Mas, aqui no Clube as Curiosidades, perguntamos: seria possível substituir toda a malha rodoviária do país por esses painéis? Qual o custo disso e seus benefícios?
Para nos responder, contamos com Gregory Mâitre, da empresa de Selante Asfáltico Betuseal, que diz não ser apenas possível como também necessário, afinal é uma forma limpa de aquisição de energia. “Esse modelo de rodovias reduz em até 50% a emissão de gases causadores do efeito estufa, contribuindo com a melhoria na qualidade do ar.”
Como são compostos os painéis e as rodovias
Os painéis são constituídos de três camadas, cada uma com uma função distinta. São elas camada da superfície, eletrônica e a camada de base. Suas funções são:
Camada superficial
É transparente e muito resistente. Áspera ao ponto de fornecer a tração necessária, no entanto não impede que a luz do sol chegue às células do coletor solar, que são compostas por leds e um dispositivo que gera o aquecimento.
Essa primeira camada é capaz de suportar veículos de carga superpesada e tem proteção contra as intempéries, e impermeável contra chuva, protegendo a camada abaixo, a eletrônica.
Camada eletrônica
A camada eletrônica possui uma placa com um pequeno processador e um circuito de apoio, com o objetivo de detectar as cargas da superfície e controlar o componente de aquecimento, que por sua vez, reduz ou elimina a neve e o gelo, caso necessário. O microprocessador controla a iluminação, a comunicação e o monitoramento.
Um dispositivo de comunicação eletrônico é colocado a cada três metros, transformando uma rodovia fotovoltaica numa verdadeira estrada inteligente.
Camada de base da rodovia solar
A função da camada de base é a distribuição geral de energia e dos sinais de dado enviados, que são captados pela camada eletrônica. Essas informações são enviadas para instituições públicas, casas, empresas e aparelhos eletrônicos que estejam ligados à rodovia.
Vantagens das rodovias solares
O benefício imediato é a utilização de fonte energética sustentável, reduzindo a dependência de fontes não renováveis. Estima-se que os painéis durem de 30 a 40 anos, muito mais do que os sete a 12 anos das estradas convencionais.
Em caso de desastre natural, as rodovias solares são capazes de fornecer energia em momentos críticos, como em caso de terremotos ou tornados, por exemplo. Como é proveniente do sol, essa energia é sempre uma opção, mesmo que outras fontes de energia falhem, por alguma catástrofe ou emergência militar, por exemplo.
Outra vantagem é o fato de não causar impacto ambiental, afinal seria apenas uma adaptação às estradas que já existem. Ainda tem a possibilidade do carregamento indutivo acoplado nas estradas, isso quer dizer que os carros elétricos podem ser recarregados enquanto se movem.
Desvantagens da Rodovias solares
Diante de todas essas vantagens, Mâitre lembra que também há as desvantagens, embora não cheguem a comprometer seus benefícios. Ele aponta como maior empecilho os custos com manutenção. Como os pneus dos carros se desgastam, pode ser preciso muito investimento na manutenção das vias, para que estas tenham sua base de captação de energia solar consistente.